Quem é mãe ou pai de bebê sabe que a cada dia surge mais uma parafernália para ajudar a cuidar dos pequenos. Algumas delas são realmente úteis, mas outras deixam a dúvida: “preciso mesmo investir em mais uma traquitana que meu filho vai usar por poucas semanas/meses?”.
Algumas empresas, por exemplo, criaram protetores de cabeça para bebês. Eles são como mochilas com alças que se prendem nos ombros, e uma almofada acoplada a essa mochila fica posicionada na cabeça da criança. Se ela cair, a almofada fofinha amortece o impacto.
É verdade que os pais costumam se apavorar com batidas e quedas que atingem a cabeça do bebê. Mas é realmente necessário ter essa proteção extra?
Segundo Loretta Campos, pediatra pela Universidade de São Paulo (USP) e membro das Sociedades Goiana e Brasileira de Pediatria, a almofada anti-queda é uma segurança a mais para a criança e, principalmente, proporciona tranquilidade para os pais.
Entretanto, alerta a médica, é importante lembrar que as quedas também são importantes para o aprendizado e amadurecimento da criança. “Vivenciar algumas situações faz parte do processo de autoconfiança do bebê. É interessante que a criança explore o ambiente. Com segurança, claro, mas ela deve aprender a autoproteção com recursos próprios”, diz Loretta.
Conclusão: as almofadas anti-queda não são imprescindíveis. Mas, caso os pais queiram usar a traquitana, para ficarem mais tranquilos, a dica é não exagerar e não usar o acessório o tempo todo. Deixem também o bebê explorar o ambiente sozinho, sem proteção.
Quando a queda é perigosa?
Já que estamos falando de quedas, é importante saber quando elas podem ser realmente perigosas. Segundo a pediatra Loretta, a criança tem uma massa corporal menor, e isso facilita múltiplas lesões no caso de quedas, devido ao maior impacto do trauma.
Além disso, os ossos da criança são mais maleáveis, porque a calcificação delas ainda é incompleta. Por um lado, isso dificulta as fraturas. Porém, essa característica protege menos os órgãos internos, que podem apresentar contusões e sangramentos em caso de impacto forte.
Então, afinal, quando os pais devem levar seu filho ao médico após uma queda ou trauma?
A resposta é quando:
– A queda ocorre em bebês menores de 3 meses;
– A queda acontece de uma altura maior que 1 metro em crianças menores de 2 anos e acima de 1,5 metro em maiores de 2 anos;
– A queda acontece de uma escada com mais de 4 degraus;
– A criança se acidenta de bicicleta sem capacete;
– Ocorre algum acidente de automóvel;
– A criança ficar desacordada por mais de 1 minuto após o trauma;
– Há presença de hematomas nos olhos (olho roxo);
– Há presença de galo na cabeça. em região próxima da orelha (região temporal) e na parte posterior da cabeça;
– Há sangramento pelo ouvido e/ou nariz;
– Há convulsão;
– A criança apresenta sonolência excessiva (a criança não acorda para mamar, por exemplo);
– Há choro persistente, contínuo e irritado;
– A criança apresenta dificuldade para andar ou falar, quando já tiver essas habilidades;
– A criança não consegue movimentar qualquer parte do corpo;
– A moleira fica abaulada (“afundada”) , se for bebê;
– A criança apresentar mais de quatro vômitos após uma hora da queda;
Segundo Loretta, as primeiras 12 horas após o trauma são as mais importantes, mas a criança deve ser observada por 72 horas, devido ao hematoma subdural que tem evolução mais lenta.
Uma dúvida muito comum entre as pessoas é se pode deixar a criança dormir depois de uma queda. Loretta Campos aconselha que os pais segurem a soneca por uma hora após um trauma na cabeça. O sono em si não faz mal, mas é importante esperar esse tempo de uma hora para observar se a criança apresenta algum dos sintomas acima, principalmente dor de cabeça, sonolência excessiva ou vômito.
A médica também aconselha que, depois de deixar a criança dormir, que após duas horas ela seja acordada para os pais checarem se está tudo bem, se ela não apresenta algum dos sintomas ou se está desorientada.